NR-1 e a Realidade do Mundo Empresarial: Como Conciliar Legislação, Produtividade e Valores na Prática
No mundo real, o mundo dos que acordam cedo, enfrentam desafios e precisam entregar resultados todos os dias, a implementação de normas como a NR-1 não é um conto de fadas.
Sou empresário, como muitos que me leem aqui. Conheço profundamente as pressões que enfrentamos: a necessidade de produtividade, o compromisso com a geração de empregos e, ao mesmo tempo, o peso crescente de legislações que, embora visem proteger o trabalhador, nem sempre consideram a dura realidade de quem empreende.
A NR-1, em sua essência, carrega um princípio que respeitamos: a preservação da vida, da saúde e da dignidade humana no trabalho. Nenhum de nós, que constrói e gere riqueza, deseja expor seu time a riscos desnecessários. Pelo contrário, queremos proteger quem constrói ao nosso lado. Mas também sabemos que adequar processos, criar o PGR, manter registros e operacionalizar o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais é algo custoso, moroso e, por vezes, pouco objetivo.
Então, como encontrar um caminho que una princípios e praticidade?
Primeiro, é preciso adotar uma visão realista: cumprir a NR-1 é uma obrigação legal, sim. Mas mais do que isso, pode ser encarado como uma estratégia de proteção patrimonial e de fortalecimento de cultura organizacional.
Como transformar a obrigatoriedade em oportunidade?
- Automatização Inteligente: Utilizar softwares e plataformas especializadas que facilitem o registro, a gestão e a atualização de documentos de SST. A tecnologia deve ser nossa aliada, não mais um obstáculo. Simplificar o PGR, integrar o inventário de riscos a sistemas de gestão já existentes e eliminar a papelada excessiva é um primeiro passo.
- Cultura de Simplicidade e Consciência: Ao invés de treinamentos longos e desconectados da realidade, investir em comunicação interna eficiente, treinamentos rápidos e focados no “porquê” e no “como” é muito mais eficaz. Se o colaborador entende que o objetivo é protegê-lo e facilitar seu dia a dia, a resistência às mudanças cai drasticamente.
- Adaptabilidade e Bom Senso Empresarial: Nem toda solução precisa ser complexa ou cara. Avaliar proporcionalidade entre riscos e investimentos é essencial. Pequenas adaptações no ambiente de trabalho, revisões de processos e boas práticas de liderança já resolvem grande parte das demandas exigidas pela NR-1.
- Engajamento de Lideranças: A responsabilidade pela SST não é apenas do RH ou do Departamento Pessoal. Diretores, gerentes e coordenadores precisam ser exemplos. Liderança é comportamento, não apenas cargo.
- Visão de Valor, Não Apenas de Custo: Cada medida de proteção que implantamos reduz passivos trabalhistas, melhora o clima organizacional e reforça a imagem da empresa no mercado. Em tempos em que ESG não é só modismo, mas critério para contratos e parcerias, investir na saúde organizacional é um diferencial competitivo.
Empreender é ato de coragem. Adaptar-se à NR-1 não é fácil e não será isento de esforço. Mas é possível encontrar formas de cumprir a legislação com inteligência, resiliência e pragmatismo.
Valorizar quem está ao nosso lado é mais do que cumprir uma norma. É construir um legado.
Artigo de Murilo Brunetto.